sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Las bizarras n4-Marco Greco testa o Fondmetal de 1991


Se resumida ao essencial, a história do brasileiro Marco Greco não tem nada de inédito: um bom piloto de motos que decidiu mudar para o automobilismo. Mas alguns fatores transformaram Greco ,também conhecido como “Largatixa”, com erro de grafia e tudo, devido a um controvertido parentesco com o lendário motociclista Carlos Alberto “Jacaré” Pavan – em um dos pilotos mais polêmicos do motociclismo e do automobilismo brasileiro.
Greco começou a correr em meados da década de 1970. Naquela época, existiam no Brasil várias fábricas de minicarros – carrinhos de brinquedo, motorizados, alguns com requinte de reproduzirem o estilo de modelos de verdade (Corcel e Mustang, por exemplo) e terem faróis, lanternas e buzinas. Com capacidade para duas pessoas, podiam ser dirigidos por adultos e crianças. Embalados pelo sucesso de Emerson Fittipaldi, alguns fabricantes decidiram fazer pequenos monopostos. O sucesso foi imediato e logo surgiram, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, campeonatos de minicarros com corridas disputadas em kartódromos. Durou pouco (três ou quatro anos, no máximo), mas foi suficiente para muitas crianças darem suas primeiras aceleradas rumo a uma carreira no automobilismo. Entre os nomes mais conhecidos dessas corridas estavam Andreas Mattheis, Oswaldo Negri Júnior, Domenico Paganoni Neto e... Marco Antônio Greco.
O garoto Greco, porém, cresceu rápido e muito: ficou alto e robusto demais para competir no kart. Passou para as motocicletas e, a partir de 1978, destacou-se ao vencer corridas dos campeonatos Brasileiro e Paulista da categoria 350 cm³ Especial, onde corriam motos de GP ,notadamente a Yamaha TZ. Em 1981, decidiu dar um passo ousado: disputar o Campeonato Mundial de Motovelocidade. Greco optou por comprar uma Suzuki RG Gamma da categoria 500 cm³ e montar uma equipe própria (na verdade, dois ou três mecânicos) para disputar o campeonato.
Sem patrocinador forte, com uma equipe pequena e com uma máquina desatualizada em relação às das equipes de fábrica, Greco disputou vários GPs entre 1981 e 1983, sem chegar a fazer uma temporada completa.Ele teve como melhores resultados o 16º lugar no GP da África do Sul e o 18º no da Itália, ambos em 1983. Retrospecto medíocre à primeira vista, mas que ganha alguma relevância quando se sabe que na época as corridas da 500 cm³ tinham grids com 40 e até 50 pilotos.
Nos intervalos das provas do Mundial, Greco voltava ao Brasil e competia na 350 Especial com sua TZ. Conquistou alguns títulos importantes, como os do Campeonato Brasileiro e da Taça Centauro. Entre 1984 e 1986, inscreveu-se em apenas um ou dois GPs por ano e concentrou-se nas corridas dos Estados Unidos. No Brasil, venceu em 1985 a famosa 12 Horas de Interlagos em dupla com Mário Tamburro, pilotando uma Honda CB 400.

Em 1987, Greco decidiu voltar às origens e passar a correr com automóveis. Entrou direto na ultracompetitiva Fórmula 3 inglesa. É desta época um dos episódios mais rumorosos de sua carreira: durante uma sessão de treinos, Greco e o belga Bertrand Gachot sim, o próprio se estranharam na pista e o episódio descambou para uma pancadaria nos boxes. Muitas versões e notícias desencontradas chegaram ao Brasil inclusive a de uma suspensão internacional de cinco anos, não confirmada posteriormente. Nos anos seguintes, o brasileiro disputou a Fórmula 3000, chegando a vencer uma etapa do campeonato inglês da categoria (bem menos competitivo que o principal) em Brands Hatch, em 1990.

Em 1991, menos de dez dias antes do GP do Brasil. Na terça-feira anterior à corrida, Greco deu uma entrevista coletiva em São Paulo para anunciar que disputaria mais uma temporada do Campeonato Inglês de Fórmula 3000 pela equipe Mansell Madgwick Motorsport (como o próprio nome indica, Nigel Mansell era um dos sócios) e que havia assinado um contrato de piloto de testes com a malograda equipe Fondmetal (ex-Osella) de Fórmula 1. No começo, pouca gente acreditou. As dúvidas só deixaram de existir quando o comunicado oficial em papel timbrado da Fondmetal surgiu nos escaninhos da sala de imprensa de Interlagos.

Como toda equipe pequena, a Fondmetal praticamente não fazia testes. Naquele ano de 1991, era uma das duas únicas escuderias que competiam com apenas um carro, para Olivier Grouillard a outra era a medíocre Coloni. Greco só testou o Fondmetal pela primeira vez em meados de agosto, quando as equipes compareceram a Monza para treinamentos coletivos visando os GPs da Bélgica e Itália. O jornalista Mair Pena Neto, que cobria F1 para a Agência Estado (que fornecia material para o “Estadão” e o “JT”), testemunhou: o brasileiro deu algumas voltas lentas para se acostumar às reações do carro e, na primeira tentativa de marcar tempo, sofreu um acidente.

Em sua edição de 29 de agosto de 1991, a revista italiana Rombo publicou quatro páginas de cobertura sobre os testes de Monza. A foto acima (clique nela para ampliar) foi acompanhada pela legenda “Marco Greco, tester occasionale della Fondmetal”. O texto, curto, foi totalmente dedicado às agruras da Ferrari. A tabela de tempos tem 27 pilotos que participaram dos três dias de testes. O nome de Greco não aparece.

Nos anos seguintes, Greco se dedicou às categorias o famoso albergue de categorias americans competindo nos campeonatos da CART e, a partir de 1996, da IRL. Sua melhor temporada foi a de 1997, quando chegou a obter alguns resultados expressivos. Em 1999, retirou-se das competições. Nunca mais se ouviu falar dele.

2 comentários:

L-A. Pandini disse...

Boa noite. Você poderia pelo menos ter a gentileza de creditar este e outros textos a seu verdadeiro autor, que sou eu.

http://pandinigp.blogspot.com/2007/06/la-mosca-blanca-nmero-17-marco-greco.html

"Las Bizarras" é um plágio descarado do meu "La Mosca Blanca". Uma dica grátis a você, meu rapaz: se acha textos de outrem tão bons, dê crédito. Eu não vou perder meu tempo te processando, mas tem gente que certamente o faria.

Luiz Alberto Pandini

Antonio Terra Serra disse...

Marco Greco se tornou um dos maiores colecionadores de arte de São Paulo. Para se ter uma idéia no último Leilão da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro foi Ele quem adquiriu a segunda tela mais cara do Leilão: uma obra da Adriana Varejão por R$ 620 mil abaixo apenas da tela (do artista estrangeiro) Lucio Fontana vendida
por R$ 1 milhão e seiscentos mil reais.
by Antonio Serra